Cauã Reymond - ator, produtor, pai da Sofia e tudo o que ele quiser

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Marcela Munhoz

 
O que vem à cabeça quando se fala em Cauã Reymond? Beleza, certamente. Mas em 16 anos de carreira – desde sua estreia em Malhação, da Rede Globo, como Maumau – vários outros adjetivos passaram a descrever o ator. Talento, competência, comprometimento, educação e simpatia, por exemplo. Se não bastassse tudo isso, Cauã é simples, tem luz própria, é um cara equilibrado, apaixonado pela filha Sofia, 6, e engajado em várias causas sociais. Por isso, e muito mais, conseguiu, aos 38 anos, alcançar patamar altíssimo na sua vida e em sua carreira. É um dos poucos contratados fixos pela emissora global e faz questão de interpretar papéis ou estar com profissionais que o desafiem verdadeiramente. Ele tem esse poder de escolha e o utiliza sempre que pode.
“Hoje não me interessa mais tanto os personagens, mas as pessoas com quem vou ter a chance de trabalhar. Pode ser uma ponta, papel pequeno, não me importa”, conta durante entrevista exclusiva à Dia-a-Dia. A maturidade e evolução, porém, foram construídas com o tempo e com as experiências que veio acumulando trabalho após trabalho. Ele mesmo admite que era ingênuo no começo e comentou entrevista concedida à revista há dez anos, no primeiro ano da publicação. “Naquela época, já era um jovem interessado, curioso e dedicado. Apesar da ingenuidade da idade, sabia que tinha muito a aprender. Uma década depois posso garantir que minha personalidade não mudou. Graças a Deus consegui conquistar muita coisa que almejava.”
O ator credita também o rumo certo que tomou aos contatos que fez. “Ao longo da minha carreira fui sempre muito bem orientado. Tenho um superparceiro, o Mario Canivello, que vem me assessorando. A gente é sócio na produtora, a Sereno Filmes. Aprendi a ser um cara sério, que está disposto a fazer. Acredito que por isso as coisas vão acontecendo.” E olha que já aconteceu coisa no currículo de Cauã, hein! São 18 novelas e minisséries, e 20 filmes. O mais recente, ainda nos cinemas, foi um dos maiores desafios. Acostumado a papéis dramáticos, ele confessa que tremeu na base ao dar vida ao policial Cláudio na comédia pastelão e escrachada Uma Quase Dupla. “Me deixou mais nervoso do que muitos dramas.” Ele divide as cenas com a rainha do improviso Tatá Werneck, quem admira bastante. “Já queríamos trabalhar juntos faz tempo.”
Outros colegas de profissão que fizeram Cauã parar tudo o que estava fazendo para ter a oportunidade de dividir um set de filmagem foram o diretor Cláudio Assis – de Amarelo Manga (2002), Baixio das Bestas (2006) e A Febre do Rato (2011) – e o ator Matheus Nachtergaele. Piedade, gravado em 2017 em Recife, com lançamento previsto para este ano, ainda conta com Fernanda Montenegro, Irandhir Santos e Gabriel Leone. “Estava em Portugal quando recebi o convite e nem li o roteiro, sabia que queria estar no projeto. Matheus é hoje, para mim, talvez o maior ator brasileiro. Fiquei muito feliz em fazer parte”, conta. No filme, Cauã é dono de um cinema pornô que se envolve com executivo interpretado por Nachtergaele. A cena de sexo entre eles foi tranquilo, segundo Reymond.
A confiança em conseguir interpretar qualquer desafio proposto se reflete nas telinhas e telonas. Aplaudido e premiado, especialmente por suas atuações em minisséries – como Amores Roubados (2014), Justiça (2016) e Dois Irmãos (2017) – Cauã Reymond conquistou seu espaço neste horário mais denso da Rede Globo. Agora ele se prepara para apresentar ao público Dante, de Ilha de Ferro, série mais cara da história da emissora, que deve ir primeiro para o serviço de streaming. O personagem é um coordenador de produção da plataforma de petróleo PLT-137, que sonha virar gerente, mas é ultrapassado por Júlia (Maria Casadevall). Ela ganha o cargo em seu lugar. Sophie Charlotte é a mulher de Dante. O convívio com essas duas mulheres fez o ator ficar ainda mais firme nas causas que defendem as mulheres, comumente visto em posts nas suas redes sociais. “São atrizes superengajadas, prestei muita atenção no olhar delas, como encaram as situações. Às vezes, não vemos porque não acontece com a gente. Mesmo sendo filho de psicólogos e nunca ter me afastado de temas como esses – violência contra a mulher, machismo, preconceito – amadureci bastante neste rico período de gravação”, revela.
Na televisão, vai repetir parceria com a atriz Paolla Oliveira – iniciada em Belíssima, folhetim em cartaz no Vale a Pena Ver de Novo da Globo. Eles serão um casal na novela Troia, com estreia marcada para depois de O Sétimo Guardião, substituta da atual trama das 21h, Segundo Sol.
Nos cinemas, além de Piedade, Cauã viverá figura conhecida por todos os brasileiros: Dom Pedro I. “Começaremos a gravar em 22 de outubro no Brasil e em Portugal. A ideia é mostrar quando o imperador volta para seu país e reconquista o trono do irmão com exército infinitamente menor. É um pedaço da história que os portugueses conhecem bem mais do que a gente”, adianta o carioca. A diretora Laís Bodanzky (Como Nossos Pais) não foi convidada por acaso. “Queria muito um olhar feminino sobre uma história que já foi contada de várias formas.” Outros personagens marcantes nos cinemas que Cauã interpretou estão em Se Nada Mais Der Certo (2009), Reza a Lenda (2016) e Não Devore Meu Coração (2017).
 
 
É O FEELING
Cláudio, o policial inocente de Uma Quase Dupla, tem uma característica, ao menos, que bate com a de Cauã Reymond: a intuição. E ele a usa em todos os momentos da vida há bastante tempo. “Tenho isso muito forte, o que já ajudou na minha caminhada. É aquela percepção de uma situação que se apresenta favorável, mas alguma coisa fala para eu não ir, sabe?”. O feeling tem guiado o ator também por outras áreas da produção artística. Desde que montou sua produtora, em 2015, vem atuando também por trás das câmeras. “Venho sendo participativo há até mais tempo, cinco anos mais ou menos. Colaborei em Alemão (2014), Tim Maia (2014). Antes era algo mais discreto, mas hoje em dia já me sinto mais à vontade para estar nos processos. Não tenho a necessidade da palavra final, mas gosto de estar inserido. Por causa disso, passei a observar mais as pessoas à minha volta, estou tendo novo olhar.”
Essa visão de mundo, segundo o ator, é resultado de processo natural. “Fui aprendendo a eleger o que é importante”, analisa. Respiração, pensar na qualidade dos alimentos, surfar, estar em bons trabalhos e perto da família são as coisas que fazem o Cauã feliz hoje. “Pode não parecer, mas meditar é simples. Faço as respirações, às vezes, com a ajuda do celular. O mundo está tão corrido que estamos começando a ter dificuldades de entender o que é urgente. O essencial para mim hoje é cuidar da saúde, me alimentar bem, tentar conseguir um bom sono, estar próximo da minha filha e das pessoas que gosto. É priorizar a qualidade de tempo e entender que se algo não acontecer na hora, no dia seguinte a gente faz. Assim trabalho melhor, estou bem mais equilibrado”, finaliza. Afinal, se você sorri para a vida, a vida sorri de volta, certo Cauã?
 

 




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