Missão possível

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Miriam Gimenes

 Quem acompanha os noticiários jornalísticos, em especial os televisivos, não tem noção do que ocorre nos bastidores da reportagem de modo que ela chegue da melhor forma para o espectador. Por vezes há uma imagem glamourizada da profissão, que, assim como todas as outras, demanda bastante esforço para que saia bem-feita e completa.

Quem ler o recém-lançado Correspondentes – Histórias, Desafios e Aventuras de Jornalistas Brasileiros pelo Mundo (Globo Livros, 532 páginas, R$ 49,90) poderá ter uma ideia deste ‘outro lado’ da notícia. A obra reúne mais de 100 histórias de jornalistas que foram ou são correspondentes internacionais da Globo em 49 países do mundo.

Um deles é César Tralli, hoje à frente do SP1, que, aos 24 anos, arrumou as malas e seguiu rumo à Londres, onde foi ser correspondente. “Quando você assume essa responsabilidade acaba se fazendo em dez, para justificar o investimento. É um trabalho muito cansativo, solitário, tudo sempre corrido. Eu nunca vi isso como um glamour, mas sim como uma missão, que você sai para cumprir e faz sempre da melhor maneira.”

Ele, que ficou durante cinco anos em Londres – de 1995 a 2000 – lembra que eram tempos em que não havia internet e que a Globo tinha apenas um correspondente para cobrir a Europa toda. “O lado mais fascinante de tudo isso é o contato que você tem com outras culturas, outras civilizações, e consegui durante este período, que considero o mais forte da minha carreira profissional, uma bagagem muito rica de conhecimento.” Entre as suas coberturas destacadas no livro estão a da guerra entre o Líbano e Israel, a morte do premier israelense Yitzak Rabin, em 1995, e a morte da princesa Daiana, em 1997.

Outro jornalista que recontou sua aventura além-Brasil – a mais longeva dos que voltaram para cá, com 13 anos – foi Marcos Losekann, que hoje fica em Brasília. Foi ele quem ‘inaugurou’ a vaga de correspondente em Israel, depois consolidou a estrutura do escritório de Londres e, neste período, cobriu cinco guerras. “Todo jornalista quer ter uma guerra no currículo. Cobri cinco e é um horror. Eu trocaria as cinco por um acordo de paz, que nunca aconteceu. A guerra fede, tem cheiro de pólvora misturado com sangue, esgoto. É muito triste.” Em suas palavras, não há nada de glamuroso em ser correspondente internacional, mas, sim, é uma missão que, se acrescida com um pouco de sorte – que ele disse ter tido muitas vezes – é possível fazer um bom trabalho.

Além dos dois também há relatos no livro de Caco Barcellos, Edney Silvestre, Ilze Scamparini, Pedro Bial, Sonia Bridi, Rodrigo Alvarez, entre outros. E, nos capítulos correspondentes a cada um deles, há um QR-Code, que, se escaneado com auxílio de um aplicativo, exibe as respectivas reportagens citadas, depoimentos exclusivos, além de galerias de fotos.




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