Vai dar samba no Sesc Santo André

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Da Redação

O segundo semestre de 2024 no Sesc Santo André apresenta uma programação que se entrelaça com as raízes profundas do samba, um gênero musical que transcende fronteiras e acompanha de perto a história sociocultural do Brasil. Em outubro, por meiode três espetáculos, o público é convidado a percorrer o universo do samba paulista e carioca, com homenagens a dois grandes nomes da arte brasileira: Plínio Marcos e Noel Rosa. As apresentações resgatam memórias e histórias de um Brasil urbano, de suas periferias e de sua boemia, onde o samba prosperou como um canto de resistência e celebração.

 
Hoje, Nas Quebradas do Mundaréu, celebra os 50 anos do álbum homônimo de Plínio Marcos, com uma homenagem transmitida por meio do encontro do teatro e da música, nos quais são narradas as vivências do povo da periferia de São Paulo. O disco original, lançado em 1974, é um marco da cultura paulistana, unindo as vozes de três grandes sambistas: Geraldo Filme, Zeca da Casa Verde e Toniquinho Batuqueiro. 
 
No espetáculo, sob a direção musical de Paulo Serau e com a interpretação dos textos por Bruce Gomlevsky, o público terá a chance de revisitar essa obra, que não só exalta o samba paulista, mas também retrata uma São Paulo invisibilizada, onde o samba nasceu como forma de expressão das comunidades marginalizadas. Plínio Marcos tece, em suas narrativas, o cotidiano dos trabalhadores, das festas populares e da luta por espaço na metrópole em transformação, temas que permanecem tão atuais quanto à época de sua concepção.
 
O mesmo espírito de resistência está presente no espetáculo O Samba da Pauliceia e Sua Gente, que ocupa o teatro nos dias 18 e 19. A peça explora o impacto das transformações urbanas e dos despejos na vida das comunidades periféricas de São Paulo, onde o samba sempre floresceu como resposta criativa e coletiva às adversidades. 
 
Aqui, a fictícia Vila Primavera está prestes a ser apagada do mapa pela força do ‘progresso’, um destino que ecoa as histórias de tantos bairros e favelas paulistanas, alvos constantes da especulação imobiliária. A personagem central, Madrinha, guia o público por uma viagem musical que atravessa as décadas e revela como o samba não só resiste, mas também registra as mudanças e as lutas pela permanência nas cidades. A partir das memórias da líder comunitária, emerge um retrato vivo de São Paulo, onde o batuque do samba continua a marcar o ritmo da vida urbana.
 
Finalizando o mês, nos dias 25 e 26, Noel Rosa, O Poeta da Vila e Seus Amores oferece uma imersão na boemia carioca dos anos 1930, período em que Noel Rosa deu voz a uma geração que transformou o samba em um dos maiores símbolos da identidade brasileira. Com texto de Plínio Marcos e direção de Dagoberto Feliz, o espetáculo evoca o universo dos botequins, cenário onde Noel Rosa viveu intensamente e compôs suas mais famosas canções, que capturam com humor e sagacidade as contradições da sociedade da época. Noel Rosa, eternizado por músicas como Com Que Roupa? e Feitiço da Vila, será retratado em seus últimos momentos de vida, em um estado delirante onde as memórias de amores, desilusões e conquistas se entrelaçam com as figuras femininas que marcaram sua trajetória. Nesse ambiente, o público se vê transportado para o Rio de Janeiro dos carnavais e cabarés, numa fusão entre o palco e a plateia que recria a atmosfera vibrante e nostálgica da era do Rádio.
 
Além dos espetáculos, hoje, Dia das Crianças, a vivência Samba é Brincadeira de Criança apresenta o gênero de forma lúdica para as famílias, seguida pela roda de samba De Santo André à Estação da Luz: de onde meu samba vem, conduzida por Mumu de Oliveira. 
 
No dia 23, Tortinho recria os encontros que marcaram a história do samba paulistano com a roda de samba Casa da Mãe do Tortinho. Esta programação, que se conecta pela mesma temática, mostra que o samba, seja em São Paulo ou no Rio de Janeiro, sempre foi mais do que um estilo musical: é um testemunho da história popular, um grito de resistência contra as adversidades e um manifesto de alegria e pertencimento. Ao percorrer os caminhos de Geraldo Filme, Noel Rosa e tantos outros, a programação do Sesc Santo André celebra o legado de um Brasil que se reinventa a partir das batidas de tambor e da poesia urbana.



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