Quem nunca ouviu falar de um parente ou amigo, ainda que distante, que já tenha falhado na ‘hora H’, na cama. Pois é, mas em mundo repleto de tabus, preconceitos e até falta de informação – muitas vezes por vergonha de perguntar –, alguns assuntos parecem amedrontar as pessoas. E se você é daqueles que diz que isso é coisa de gente fraca ou que nunca pode lhe acontecer, pense duas vezes antes de seguir com este pensamento.
Segundo o urologista Dr. Silvio Pires, da Criogênesis, de São Paulo, existem três tipos de homens: os que já falharam, os que vão falhar e os mentirosos. Mas calma. Não há motivo para se apavorar. Isso não quer dizer que os que já falharam – e os que falharão – , estejam condenados ao fracasso. O especialista aponta que, segundo a pesquisa De Volta ao Controle, realizada pela SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), 25 milhões de brasileiros lidam hoje com a disfunção erétil. “Porém, apenas uma pequena parcela desse expressivo índice busca auxílio profissional especializado, fato que comprova a dificuldade dos homens em falar sobre o assunto”, afirma Pires.
E ‘falhar na cama’ é disfunção erétil? Não, a não ser que aconteça repetidas vezes. De acordo com o urologista, disfunção erétil é a incapacidade de iniciar e/ou de manter ereções suficientemente rígidas para a penetração, impedindo a satisfação sexual. “É importante ressaltar que falhas esporádicas não representam uma disfunção erétil, que é caracterizada quando a falha se repete constantemente.”
Mas como pode, um momento de tanto tesão, a situação pegando fogo, tudo pronto para dar certo e a ‘coisa fica mole’? Pois é. André Correia, psicólogo clínico de São Bernardo explica que 70% das vezes o motivo pode ser de ordem emocional. Estresse, ansiedade, preocupações cotidianas e medos diversos estão entre os fatores. “As outras causas são de ordem física causadas por disfunções hormonais, problemas circulatórios, fumo, álcool e outras biológicas”, explica o profissional, que já tratou vários casos e deixa uma dica: “É necessário que haja cumplicidade entre os cônjunges para que o problema não se agrave. O homem pressionado e a/o parceira/o realizando cobranças, ou não se sentindo desejada, pode causar uma ‘bola de neve’ no esfriamento da motivação sexual, distanciando ainda mais um do outro.”
Mas será que é realmente difícil falar sobre o assunto? A Dia-a-Dia procurou casos de homens que já passaram por isso e de mulheres que tiveram de lidar com o parceiro que não ‘chegou lá’. O resultado: das pessoas ouvidas, quase ninguém assumiu ou quis falar a respeito. Luís (personagem teve o nome modificado) já brochou. Hoje tem 28 anos, mas quando passou por essa experiência tinha 25. Estava em uma balada, exagerou no consumo de álcool e na hora, simplesmente, ‘não funcionou’. “Resolvemos esfriar um pouco e só ficar abraçados. Reagi normalmente. Acho que é algo normal, principalmente quando bebemos além da conta”, diz.
Luís acredita que os homens têm problemas para lidar com esse tipo de acontecimento. “Para as mulheres, encarar o fato é complicado também. Elas podem ter medo de magoar o parceiro”, diz ele. Mas como será que elas agem com isso? Natali (personagem teve o nome modificado) já passou por essa saia justa. E mais de uma vez, mas a última, bem recente. Ela não se sentiu bem de imediato, achou que o problema fosse com ela. Mas o parceiro, que namorou por seis anos e transava sem preservativo, quando se viu solteiro e teve de colocar a ‘roupinha’ não conseguiu seguir viagem. “Ele ficou bem chateado. Estava tudo bem até ele colocar a camisinha. Colocou e brochou. Aí ele ficou com muita vergonha, ficou mais sem graça do que eu. Tenho várias amigas que aconteceu isso com os caras que namoraram há muito tempo”, relata a moça de 33 anos.
Passada a vergonha do rapaz, o casal até tentou de novo, mas não foi bom. Ela não pretende mais sair com ele. O motivo Natali explica: “Não por ele ter brochado, mas por ter acontecido isso por conta do preservativo. Para mim, é importante usar e não quero ficar fazendo sexo sem camisinha. Naquela noite, depois daquilo, acabamos fazendo sem. Tive de tomar a pílula do dia seguinte, sabe. Eu não quero mais isso. Não vou transar sem camisinha.”
Mas não é apenas de estresse, medos e outras coisas das cabeças alheias que se explica a falta de apetite ou o fato de ‘não subir’. Dr. Silvio Pires conta que, entre os fatores orgânicos, destacam-se deficiências hormonais, como queda dos níveis de testosterona, distúrbios endócrinos, doenças vasculares, que causam entupimento das artérias e veias, prejudicando a chegada do sangue ao pênis, neurológicos, em que o estímulo é que não chega ao órgão sexual por destruição de nervos periféricos ou de áreas do sistema nervoso central. “No entanto, a deficiência de testosterona é a principal causa para diminuição da libido.”
O psicólogo alerta para o fato de que esse assunto tem de deixar de ser tratado como defeito da masculinidade do indivíduo e que é preciso conversar. “Relacionam a disfunção à incapacidade de satisfazer a parceira, falta de potência para dar prazer à uma mulher e outros pressupostos um tanto errôneos e preconceituosos”, diz ele. “Comunicar a dificuldade é necessário. Claro que não precisamos divulgar nas redes sociais para pedir ajuda, mas conversar com um amigo de confiança, com a parceira, com o médico ou psicólogo é um caminho saudável para a solução da questão.”
No caso de problemas orgânicos, o urologista afirma que há tratamentos com comprimidos de uso oral, injeções aplicadas no pênis, além de intervenções cirúrgicas para colocação de prótese peniana maleável ou inflável. “Sempre lembrando que a prescrição do tratamento mais adequado é baseada no diagnóstico realizado pelo médico especializado (urologista, no caso) e que medicamentos e implantes penianos devem ser utilizados apenas quando houver diagnóstico de causa orgânica.”
Para o psicólogo, o o ideal é fazer tratamento clínico e psicológico. “Se o problema for físico, o pacient