Imuno-oncologia

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Marina Sahade

Pesquisas na área da oncologia mostraram que o sistema imunológico pode ser aliado nos tratamentos de combate ao câncer. A imuno-oncologia, estratégia em que se trata o câncer via estimulação do sistema imunológico, é considerada por muitos especialistas o quarto pilar no tratamento do câncer, junto a cirurgia, quimioterapia e radioterapia, e tem conquistado a atenção nos congressos médicos. Como no último da Asco (Sociedade Americana de Oncologia Clínica) nos Estados Unidos, em junho, em que os estudos clínicos apresentados comprovaram a eficácia da imunoterapia, renovando a esperança da comunidade médica e pacientes.lógico é proteger o corpo de doenças, a partir da detecção de agentes patológicos, como os vírus e as bactérias, e sua destruição para não deixar com que tais agentes lesem os tecidos saudáveis. O mesmo processo deveria acontecer com as células cancerígenas, contudo elas possuem mecanismos que fazem com que não sejam identificadas como perigosas. Assim, as células dos tumores inibem o ataque do sistema imune, favorecendo seu desenvolvimento.

 
A imuno-oncologia é conhecida desde a década de 1970, quando grupo de cientistas produziu, em larga escala, anticorpos específicos para destruir células cancerígenas, mas só recentemente começou a chamar atenção devido aos resultados promissores dos estudos feitos com os imunoterápicos, principalmente para o tratamento do melanoma – câncer de pele – e do câncer de pulmão. A principal diferença desta terapia é o fato de a imunoterapia ter como destino o sistema imunológico, enquanto a quimioterapia, a radioterapia e a terapia alvo atacam as células do tumor, por meio da divisão celular. Outra diferença é o perfil de efeitos colaterais, que é mais favorável com essas novas drogas, uma vez que não atacam as células saudáveis do corpo e, desta forma, não causam sintomas como queda de cabelo e náuseas, comuns com a quimioterapia.
 
Dentro deste contexto, a grande conquista dessa nova classe de medicamentos imunoterápicos está no fato de eles ajudarem as células de defesa do corpo a reconhecerem as células cancerígenas como um risco, semelhante a uma bactéria ou vírus. E, dessa forma, auxiliam o sistema imunológico a aumentar o potencial de ataque ao câncer. Além disso, as terapias de imuno-oncologia oferecem memória de longo prazo às células de defesa para que possam combater a reincidência do câncer, beneficiando pacientes com diferentes tipos da doença.
 
Lembrando que a função essencial do sistema imunológico é proteger o corpo de doenças, a partir da detecção de agentes patológicos, como os vírus e as bactérias, e sua destruição para não deixar com que tais agentes lesem os tecidos saudáveis. O mesmo processo deveria acontecer com as células cancerígenas, contudo elas possuem mecanismos que fazem com que não sejam identificadas como perigosas. Assim, as células dos tumores inibem o ataque do sistema imune, favorecendo seu desenvolvimento.
 
Com estimativa de mais de meio milhão de novos casos de câncer no Brasil para 2015, os avanços nas pesquisas com os medicamentos imuno-oncólogicos oferecem novas perspectivas, principalmente nos casos metastáticos. É o que se observa nos pacientes de melanoma avançado tratados com a imunoterapia antiPD-1, em que os resultados de estudos mostraram que, para esses pacientes, o imunoterápico ofereceu significativamente mais tempo de vida quando comparado à quimioterapia.
 
Dra. Marina Sahade é médica oncologista formada pela Faculdade de Medicina do ABC, com Residência em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina do ABC e em Oncologia Clínica no Hospital Sírio Libanês. Atualmente é integrante titular do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês e Médica Assistente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.



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