O impossivel é questão de opinião

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Vanessa Soares

Desde a menor sombra de existência de um indivíduo, o controle do porvir não depende de mãos humanas. O que acontecerá na vida um dia após o outro é uma incógnita. Às vezes, o destino reserva boas notícias, mas tem horas que elas são como rasteira que atingem a pessoa sem dar tempo nem de descobrir o que foi que provocou o tombo.

O que fazer diante de situações desesperadoras depende de cada um. A publicitária Claudia Eberle, 40 anos, é um exemplo de quem não mediu o ta­manho do obstáculo. Portadora de uma doença autoimune chamada Ber­ger, que compromete a funcionalidade dos rins e cujo diagnóstico é irreversível, ela pas­sou por tratamentos intensos e submeteu-se a três transplantes. Mas, ao invés de queixar-se, optou por contar sua batalha no livro Três Vidas: Uma História de Superação e Pílulas de Posi­ti­vidade (Scortecci Editora, 147 páginas, R$ 25, em média). Veja, a seguir, seu relato:

“Recebi a notícia de que era portadora da Berger aos 14 anos. Sentia enjoos e fraqueza. Os médicos diziam que a única solução no meu caso seria um transplante de rim. Naquela época já fazia hemodiálise. A luta contra a doença foi positiva, pois tentei extrair o melhor que pude do cenário negativo. Foi um grande aprendizado. A esperança de cura sempre existiu na minha mente e na minha fé, jamais deixei de acreditar nisso. No primeiro transplante recebi o rim do meu pai. Foi como se tivesse renascido. Tive a oportunidade de viver e me transformar de novo, ainda mais sabendo que a espera de uma doação de órgão é tão difícil e existem tantas pessoas na fila de espera.

Dez anos depois soube que o rim transplantado estava comprometido e precisaria de uma nova cirurgia. Não foi fácil, mas adquiri forças internas que me fizeram sair do tormento e encontrar o sol. É muito importante estarmos sempre praticando essas forças, pois cada um de nós as possuímos mas, na correria do dia a dia, não paramos para exercitar a gratidão, a fé, o amor, a coragem, a resiliência e muitas outras pílulas de positividade. Após a nova cirurgia minha vida voltou ao eixo. Encontrar outro doador estava se tornando uma tarefa impossível quando, por surpresa, a compatibilidade ocorreu com a minha tia.

Com o novo rim, retomei as rédeas da minha vida. Em 2002, comecei a namorar e no ano seguinte me casei. Ao lado do meu marido, ousei sonhar com o que, para os médicos, era muito difícil: ser mãe. Minha primeira gestação durou apenas cinco meses, sendo interrompida por um aborto. Independentemente do que os médicos me falavam, jamais desistiria do meu sonho. Foi muito difícil, por conta da minha condição de saúde mas, mesmo após a perda, a esperança não cessou. Após o luto, arrisquei uma nova tentativa e engravidei novamente. Foi uma gestação incomum. Fiquei internada e meu filho nasceu prematuro de 7 meses, ficando quase um mês na incubadora. Quando Diego tinha 5 anos, os médicos disseram que novamente precisava de um rim. Desolada, senti meu mundo desabar outra vez e, agora como mãe, tive de reunir ainda mais forças para encontrar o terceiro doador. Todos os familiares que faziam os testes de compatibilidade eram descartados pelos especialistas. Inesperadamente, uma amiga da minha família se sensibilizou e, em um ato de muito amor e generosidade quis, me salvar. Recebi a terceira chance de viver.

Decidi contar a minha história depois disso. Compreendi que não tinha tido três vidas por acaso. Se estou viva até agora é porque o universo contribuiu para que compartilhasse a minha história. Também inspirando e conscientizando todos de que não é preciso ter uma adversidade na vida para começar a dar valor e se transformar. Todos nós podemos fazer isso agora, pois a vida é muito curta e o tempo não volta. É tudo de dentro para fora. Basta estarmos conectados com nossa essência e entendermos que nada nem ninguém podem destruir nossos sonhos, que o impossível se torna possível sim. Sou prova viva disso!

 



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