Ser pai é...

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Vanessa Soares

Parafraseando o personagem de um romance baseado no livro de famoso escritor, a vida é composta de momentos de impacto. Geralmente inesperados, fogem totalmente do controle e alteram radicalmente o plano traçado de vida feliz e tranquila que todo indivíduo planeja. No entanto, são esses momentos que viram história e definem quem cada um se tornará. Paulo Sérgio Aviles, 47, de Santo André, aprendeu desde cedo esta lição. Confira, inspire-se e suspire.

Em 2008, perdi minha mulher e me vi sozinho com meus dois filhos, Rafael, 19, e André, 13, que, na época, tinham 10 e 4 anos, respectivamente. Foi no dia 25 de fevereiro. Na semana seguinte, Rafa faria aniversário André, logo em seguida. Do momento até a ficha cair pensei: 'Vai ser difícil. Realmente vai ser complicado. Em uma família com pai e mãe já é'.

Resolvi, então, viver um dia de cada vez. Se pensasse a longo prazo, enlouqueceria. Dividir a responsabilidade pela criação deles, porém, não passou pela minha cabeça. Também só tinha a avó deles (mãe da mulher), que morava em Mauá. Fiquei órfão aos 11 anos, não tinha mais ninguém para me ajudar. Os filhos são meus, a responsabilidade também.

Houve dias em que pensei: 'O que eu faço?' Rafa tinha convulsões. Certa vez, logo depois que minha mulher morreu, enquanto estava em casa passando roupa, ele teve uma crise. Nunca tinha visto. Era a mãe quem cuidava dele. Ele precisava dela aqui. Em outra ocasião, estávamos a caminho da casa da avó quando o André falou que estava com saudade da mãe. O Rafael disse que também estava e acabamos os três chorando.

Para mim a fé foi tudo. Falei para Deus que se Ele não estivesse comigo, me ajudando, eu não conseguiria. Ter Deus foi essencial. Também tive ajuda de muitas pessoas da minha confiança. Vizinhos que ficavam com eles quando não estavam na escola, gente da igreja que cuidava deles durante dois, três dias quando eu viajava a trabalho, além da avó.”

Apesar de toda a dificuldade da situação, Paulo colhe os frutos de todo esforço e dedicação que empenhou para criar, sozinho, os dois filhos. Prova disso é Rafael. “No começo, foi muito difícil. Principalmente no Dia das Mães. Éramos pequenos, mas hoje vejo que todas as atitudes que meu pai tomou foram para o nosso bem. Me comparo com meus amigos da mesma idade, e devido à criação que recebi do meu pai, me vejo mais maduro. Faço tudo em casa, trabalho e estudo. Ele é meu referencial do que é ser um homem.” Saber que é espelho faz de Sérgio um homem feliz. “Meus filhos são tudo na minha vida. A gente pega no pé. O Rafa já tem 19 anos, mas o André ainda é adolescente. Ser pai é para a vida inteira.”

 

 



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