Vale de Casablanca

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Marcela Munhoz

Caro leitor, considere degustar este caderno do jeito que melhor lhe agradar. A ideia é que cada página seja independente, apesar de todas falarem sobre o mesmo país: o Chile. É porque foi assim que me senti ao visitar as tais terras. São vários destinos – cada qual com sua característica mais marcante - em uma área total de 756.950 km², sendo 4.300 quilômetros em estreita faixa, que corre entre a Cordilheira dos Andes e a costa do Oceano Pacífico, e apenas 175 quilômetros de largura.

É justamente por ser tão comprido que é possível encontrar diversos tipos de paisagens por lá. O Chile é tricontinental (pega a América, Oceania e Antártica), e faz fronteira com Peru, Bolívia, Argentina, oceanos Pacífico e Atlântico. Possui mais de 18 milhões de habitantes (números de 2011) e a população está na expectativa por um novo censo a ser realizado ainda este mês.

As estações do ano bem definidas e os diversos vales favorecem o cultivo de uvas para a produção do tradicional e, talvez, mais procurado produto local: o vinho. As estimativas são que, a cada dia, sete milhões de pessoas bebam uma taça do vinho chileno no mundo. E para os amantes da bebida, a dica é: reserve alguns dias da viagem para conhecer os vinhedos dos vales do Maipo, Colchagua e Casablanca. Este último foi considerado a Capital Mundial do Vinho pela Great Wine Capitals, que congrega conjunto das cidades mais importantes na área.

Casablanca está a pouco mais de uma hora de Santiago e a 40 de Valparaíso, basta seguir pela Ruta 68. Várias agências realizam o passeio, a maioria com guia turístico, almoço e degustação inclusos. Dá para achar por cerca de 14 mil a 35 mil pesos (R$ 1 vale, em média, 211 pesos chilenos, portanto o mais caro chega a R$ 165 por pessoa).

Existem várias vinícolas por lá, porém as mais famosas são a El Cuadro (www.elcuadro.cl) – onde é possível percorrer os parreirais em carruagem francesa e visitar o superorganizado e informativo Museu do Vinho – e a Casas del Bosque (www.casasdelbosque.cl), que abriga restaurantes, entre eles, o Casa Mirador com menu degustação a cerca de R$ 225. Além da vista incrível, o menu é de comer de joelhos. Aliás, quem espera ir ao Chile e só encontrar carne, como na Argentina, vai se surpreender. Os frutos do mar são as estrelas principais da gastronomia.

A melhor época do ano para conhecer as vinícolas é agora, na Vendimia (ou Vindima), que engloba o período entre a colheita das uvas e o início da produção do vinho. Há, inclusive, uma festa que reúne todos os produtores na praça central de Casablanca. Cada visitante paga para degustar diversos tipos da bebida. Os mais procurados são, entre outros, Sauvignon Blanc, Cabernet Sauvignon Chardonnay, Riesling, Pinot Noir e Syrah.

Este é o segundo ano que o recifense Tiago Maciel, 31 anos, visita a festa. Ele mora há dois anos em Santiago e passou a gostar da bebida quando se mudou, principalmente pelo clima mais frio. “A cultura do vinho no Chile é muito forte, é a bebida principal do país, todo mundo tem em casa. Eu adoro o branco, especialmente.”

Vinho chileno produzido por um legítimo brasileiro

Entre os grandes produtores chilenos, existem também as vinícolas menores, conhecidas por boutique, porém, igualmente charmosas. Vale a pena fazer uma visita na La Catrala (www.catrala.cl), que produz cerca de 165 mil garrafas ao ano, sendo que cada uma pode ser adquirida por 10 a 15 mil pesos (de R$ 47 a R$ 71).

E um brasileiro está chamando atenção dos chilenos no Vale de Casablanca. Da vinícola La Recova (no Facebook larecovavineyard) já saíram incríveis exemplares de vinho branco e espumante. Vá com tempo para degustar a bebida, comer empanadas, aproveitar a vista (é o registro dela que está na capa desta publicação) e, de quebra, conversar com David Giacomini. Nascido em Porto Alegre, o engenheiro industrial mora no Chile desde os 13 anos. “O vinho faz parte da minha família há anos”, garante.

A jornalista viajou a convite da Chile Travel.




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