O caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, foi morto por uma onça-pintada próximo ao pesqueiro Touro Morto, no Mato Grosso do Sul, no entorno do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro e às margens do Rio Aquidauana. A região está no "coração" do Pantanal sul-mato-grossense.
Touro Morto fica localizado na zona rural da cidade de Aquidauana, que recebeu o nome por conta do rio. O município está a 230 km de Campo Grande, capital do Estado.
A maior planície de inundação contínua do mundo, o Pantanal tem cerca de 250 mil km², dos quais o Pantanal de Aquidauana contribui com aproximadamente 5% da reserva. A área territorial do município é de 17 mil Km², sendo que 75% abrange o bioma.
A área abriga inúmeras espécies de animais. A vegetação é típica de ambientes que alternam entre períodos úmidos no verão e de estiagem no inverno.
Ataque a caseiro
Segundo o professor e pesquisador Gediendson Araújo, especialista em animais de grande porte do Reprocon (Reprodução para Conservação), o ataque da onça-pintada ao caseiro é considerado atípico, mas pode estar relacionada ao histórico da relação predatória da sociedade com o meio ambiente.
"O animal perdeu o medo de ver o homem como um predador, e acabou tendo essa situação com esse desfecho. Então, a coisa é incomum de acontecer, são poucos os relatos, e é uma pena que teve uma perda humana", disse o especialista.
A prática da ceva (alimentação de animais silvestres por humanos), com fins turísticos, é um dos fatores que pode "desregular" o ambiente das onças e provocar esse tipo de ataque.
"Uma das poucas certezas até o momento é a de que havia oferta de alimento, conhecido como ceva, para atrair animais silvestres no local. A prática, além de configurar crime ambiental, é extremamente perigosa, pois pode provocar alterações no comportamento natural dos animais", explicou o coronel José Carlos Rodrigues, comandante da Polícia Militar Ambiental, em coletiva de imprensa na quarta-feira, 23.
A captura da onça foi feita na quinta-feira, 24, na região onde ocorreu o ataque. A equipe fez uso de armadilhas.
O secretário-executivo da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Artur Falcette, afirmou que a secretaria recebeu relatos de grupos que estariam se organizando para caçar o animal.
"Nós temos um histórico, especialmente no Pantanal, muito positivo da interação dos produtores com a fauna. A gente tem que evitar que oportunistas, caçadores, gente que quer se aproveitar desse fato para atuar na caça, que isso aconteça. Então o Estado está redobrando a atenção. Esse é um crime ambiental gravíssimo, a caça de animais silvestres. E a gente vai tratar com o rigor da lei qualquer coisa nesse sentido, porque a gente tem absoluta convicção que não são produtores rurais, não são cidadãos de bem que estão se organizando no entorno dessas ações", disse.
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