Educação de Sto.André trabalha marco histórico em proposta de desenvolvimento integral
As trilhas da Escola Parque Jardim Santo Alberto, em Santo André, ganharam ares de aventura durante atividade pedagógica sobre o bicentenário da Independência. Crianças com idade entre 8 e 10 anos, alunos do 3º ao 5º ano da rede municipal, desbravaram o espaço em busca de um tesouro escondido. Uma pista sobre seu paradeiro surgia a cada pergunta relacionada à data respondida corretamente pela turma.
Depois de cumpridas as etapas da brincadeira, fim do mistério: entre as árvores da Escola Parque, a criançada encontrou baú onde estava guardado exemplar da bandeira nacional. O desafio, que reuniu estudantes da Emeief (Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental) Elaine Cena Chaves Maia, encurtou a distância de 200 anos que separa essas meninas e meninos do histórico 7 de setembro de 1822.
Os alunos se divertiram no corre-corre da caça ao tesouro. Mais do que isso, durante a atividade, que aliou ludicidade, cooperação e reforço à alfabetização. desenvolveram habilidades essenciais para seu processo de aprendizagem. “Essa foi uma ação multidisciplinar nas áreas em que as crianças já atuam dentro do programa pedagógico, com a temática do bicentenário da Independência, em uma perspectiva de desenvolvimento integral”, explicou Roberta José da Silva, 42 anos, assistente pedagógica dos Cesas (Centro Educacionais de Santo André).
Para entrar no clima do 7 de setembro, antes de “ir a campo”, os monitores do Cesa Santo Alberto, onde está situada a Emeief Profª Elaine Cena Chaves Maia, promoveram contação de história. Para trabalhar com as crianças assuntos sobre a complexa trajetória do País – da Colônia ao Império – é preciso uma pitada de bom humor e muita criatividade.
“A gente sempre usa a ludicidade, com o teatro, porque às vezes a história é bem técnica”, afirmou Daniel Gregório de Oliveira, 38 anos, monitor de artes cênicas do Cesa Jardim Santo Alberto. “Incorporamos personagens e jogamos com as palavras. Dessa forma, eles se sentem pertencentes àquela história”, opinou.
Elke Iris de Sousa da Siva, 45 anos, monitora de Cultura de Paz e Cidadania do Cesa, aproveitou a atividade para trabalhar com os estudantes questões relacionadas à biodiversidade e a riqueza cultural brasileira, enraizada na vinda de imigrantes ao País, no século 19. “Dentro da cultura de paz, trabalhamos a diversidade dos povos, costumes, maneiras de viver. Trabalhamos o respeito às diferenças de etnia, de grupos e condições sociais. E também trazemos a inclusão como tema. Nós formamos um povo só em nossa terra”, destacou a monitora.
Entre os participantes da atividade especial do bicentenário da Independência está Isaac Mendes, 10 anos, aluno do 5º ano que é “viciado em história”. “Aprendi muito em livros e nas aulas”, diz o menino com orgulho. Dos temas abordados pelos monitores, a preservação das riquezas naturais do País e do povo brasileiro chamou a atenção de Isaac.
“Os índios são importantes e eles têm que ser protegidos. As terras deles têm que ser protegidas. Nossa mata não pode ser queimada. A gente é livre. Ninguém vai destruir nossa mata. Ela só pertence ao Brasil”, defendeu.
A caça ao tesouro foi a parte preferida da aula para Kemilly Vitória Rodruges, 9, aluna do 3º ano. “A gente tinha que encontrar os papeizinhos com as pistas”, lembrou. Uma das perguntas feitas à turma para liberar uma das dez dicas que indicariam a localização do baú foi a frase dita por dom Pedro 1º, às margens do rio Ipiranga, no dia 7 de setembro de 1822. A resposta estava na ponta da língua de Kemilly: “ele gritou ‘independência ou morte!’”, afirmou.
A interação dos alunos emocionou os profissionais do Cesa. “O patriotismo está um pouco esquecido. Depois de um momento de pandemia, de distanciamento físico da escola, voltar com essa comemoração ao bicentenário, um assunto tão forte, é emocionante. O sentimento é de objetivo alcançado”, celebrou Elke da Silva.
Evolução pedagógica moderniza ensino, que prioriza cidadania
A Independência do Brasil é, há décadas, um dos fatos históricos mais emblemáticos do País levado às salas de aulas. Acompanhando o permanente processo de evolução da pedagogia e da legislação curricular, o tema ganha nova abordagem a cada nova geração.
“Trabalhamos hoje para que os alunos tenham os conhecimentos considerados essenciais para a construção da cidadania e do indivíduo”, explica a secretária de Educação de Santo André, Cleide Bauab Eid Bochixio, que destaca que as escolas que atuam na educação básica seguem, entre outras questões, parâmetros estabelecidos pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular).
Aos 51 anos, o auxiliar administrativo do Cesa Jardim Santo Alberto, Marcyello Saintclair Mendonça recorda com detalhes de quando, aos 10 anos, os pais o levaram ao Museu do Ipiranga, em São Paulo. O passeio aconteceu poucos anos antes do fim da Ditadura Militar no Brasil (1964 - 1985). Na escola, o 7 de setembro era ensinado com muito mais rigor e menos diversão. “Naquela época não era lúdico. A gente aprendia no livro. Não tinha brincadeiras. A gente tinha que decorar mesmo”, disse Marcyello.
No final dos anos de 1960, as escolas públicas e privadas tinham entre as disciplinas Educação Moral e Cívica. “Assim como acontecia em outras áreas, como na matemática, havia mais rigor, tanto na teoria, como na prática. O conhecimento era, antes, fragmentado. Hoje temos o currículo contextualizado. Os temas são trabalhados de forma transversal, com a transposição didática”, explicou a secretária.
Ao trabalhar com os símbolos nacionais, por exemplo, a bandeira do País permite explorar conceitos de cores, formas e os estados brasileiros, representados em suas estrelas. A partir do hino, é possível abordar questões relacionadas à língua portuguesa. “Quando a criança se entrega emocionalmente, o conteúdo fica na memória afetiva dela, o que contribui no processo de aprendizado”, concluiu Cleide Bochixio.
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