A revolução tecnológica nos proporcionou romper barreiras, conhecer mais outras culturas e criar novas formas de se relacionar com as pessoas. Antes, quando alguém viajava para outro país, só podíamos ver os pontos turísticos visitados após revelar o filme fotográfico. Hoje, acompanhamos e interagimos em tempo real nas redes sociais, inclusive com chamadas de vídeo.
Mas, o que nasceu para encurtar distâncias e aproximar relações, muitas vezes tem o sentido inverso. Basta vermos a quantidade de polêmicas que as redes sociais trouxeram para o nosso dia a dia, além dos famosos cancelamentos. Seja por um discurso contrário ou mesmo por um erro cometido, centenas de milhares de pessoas vão até a página do desafeto e escrevem sem pudor algum, como se do outro lado não existisse um ser humano. Isso acontece porque o momento que vivemos, que pode ser chamado de Era dos Avatares, com seus links e perfis atrás dos quais muitos se escondem, criou bolhas de afinidade, mas também de ódio.
Em um mundo tão radical, como podemos criar uma comunicação digital eficaz, interessante e propositiva sem prejudicar seus antagônicos? A resposta é: criando uma estratégia de comunicação de longo prazo, com valores bem estabelecidos e consistência. É por isso que quem tem liderança nos ambientes digitais precisa entender a sua responsabilidade e o poder de suas palavras, além de pensar em formas de tranquilizar os ânimos e pacificar relações. Sejam influencers, sejam líderes políticos, é essencial que haja a conscientização de que, por mais que as redes sejam dinâmicas, há espaço para discussões com argumentos e respeito.
No momento em que o ódio toma conta e a busca pelo protagonismo é através do imediatismo, que tal começarmos a desenvolver uma cultura de equilíbrio e amizade nas redes sociais? E isso só pode acontecer se, a cada momento de cancelamento ou de ataques, algumas vozes se levantem para proporcionar a comunicação não-violenta, como bem definiu Marshall Rosenberg no seu famoso livro sobre o tema.
Para cada um de nós, além de optar pelo senso crítico, argumentos e tranquilidade nas interações nas mídias sociais, sobra também o papel de cobrar líderes e influencers que tenham atitudes empáticas e pacíficas. E, já que o processo eleitoral passou, podemos aproveitar para retomar as amizades. Isso não quer dizer que as críticas não vão acontecer. Elas fazem parte do ambiente digital e são importantes, pois trazem diferentes pontos de vista e criam possibilidades para o futuro. E você? Que tal optar pelo protagonismo do respeito ao invés do cancelamento?
João Paulo Francisco é agente de comunicação da Secretaria de Inovação e Administração de Santo André e bacharel em Publicidade e Propaganda pela Metodista.
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