A missionária brasileira de Roma Eléia Scariot conta sua emoção na despedida de Francisco
Freira missionária, que passou por diversas regiões brasileiras, entre elas o Grande ABC, e hoje vive em Roma, Eléia Scariot, 52 anos, é uma das centenas de milhares de pessoas que estiveram na despedida do Papa Francisco. Ela compartilhou a emoção que sentiu ao ver o pontífice pela última vez. “Foi um momento de muita emoção, confesso que chorei muito. Enquanto estava na fila para entrar no Vaticano, que foi um período de quase cinco horas, veio um sentimento de vazio pela falta de Francisco, mas ao mesmo tempo de gratidão por esse legado que ele deixou. É um tempo de muita dor, mas de gratidão ao papa. De perda, mas também de muito aprendizado.”
Após três dias de velório aberto ao público, que recebeu cerca de 250 mil pessoas na Basílica de São Pedro, no Vaticano, o corpo do Papa Francisco foi levado, neste sábado (26), à Praça de São Pedro, na mesma cidade, para a realização da missa de corpo presente. Com início previsto às 10h em Roma - que corresponde a 5h do horário de Brasília -, a cerimônia contou com a presença de, segundo o Vaticano, aproximadamente 200 mil fiéis e 160 delegações oficiais, entre elas o Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi à despedida do pontífice com uma comissão de 18 membros e a primeira-dama, Janja da Silva.
Após a missa, que dura cerca de uma hora e meia, o corpo foi levado ao local do sepultamento, na Basílica de Santa Maria Maggiore. O Papa Francisco rompeu a tradição dos pontífices de serem enterrados no Vaticano, na Basílica de São Pedro, e escolheu um cemitério que fica a alguns quilômetros de distância, em Roma. O analista do Vaticano e jornalista de Santo André, Filipe Domingues, 38 anos, explica que Francisco, em sua simplicidade e humildade, rompeu com rituais monárquicos.
“Ele queria que seu funeral fosse mais parecido com o ritual de um bispo, de uma pessoa de fé, e não de um monarca, um rei, e deixou esse pedido registrado em seu testamento. Ele se apresentava como bispo de Roma e não queria ser tratado como um monarca. Entre os pedidos, em vez de serem colocados dois caixões, um dentro do outro, o Papa Francisco pediu que desde o início fosse colocado em um caixão simples de madeira, para ser exposto e enterrado neste caixão, sem haver a troca de caixões que normalmente ocorre. Ele quis também que o caixão ficasse no chão, somente com um apoio. A sepultura também é no chão e tem somente escrito o nome Francisco”, explicou Domingues.
O sepultamento é fechado ao público. Participaram apenas os cardeais que estão em Roma, por volta de 140 deles. A partir de amanhã (27), o túmulo é aberto permanentemente à visitação. Após o funeral do papa, é iniciada uma série de nove missas, de acordo com Filipe Domingues, que começa neste domingo, às 10h30 (5h30 do horário de Brasília).
A despedida do Papa Francisco, que morreu na segunda-feira (21), após um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e uma falência cardíaca, começou com velório na quarta-feira (23), que terminou ontem, às 15h, quando o caixão foi fechado, em cerimônia litúrgica reservada, com duração de uma hora. O fechamento do caixão foi presidido pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Santa Igreja Romana. A cerimônia foi encerrada com a leitura de um documento, que registra a vida e obra do papa, colocado dentro do caixão, que em seguida foi selado.
Já o velório foi aberto ao público, que pode se despedir do papa em uma fila contínua, sem parada, após espera de cerca de cinco horas. A paulistana aposentada Lazara Pereira, 64, que tem família em São Bernardo, mas hoje mora em Roma, esteve na quarta-feira (23) na Basílica de São Pedro. “Foi muita emoção, muita dor e comoção. Francisco era um papa muito próximo de cada um de nós. Um papa da paz, voltado totalmente para os pobres, de qualquer parte do mundo. Por isso se chamava Francisco, como São Francisco de Assis”, relatou.
A irmã Eléia ressaltou a importância do Papa Francisco e deste momento de adeus ao pontífice. “Ele foi um papa de coragem e bom humor, que nos inspira a também ser assim, a vivermos com alegria, ternura e respeito. Ele fez muito por todas as pessoas que fazem parte ou não da igreja católica”, finalizou.
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