Companhia de dança mescla artistas com e sem deficiência em espetáculos

Envie para um(a) amigo(a) Imprimir Comentar A- A A+

Compartilhe:

Da Redação

Na quinta e sexta-feira (13 e 14), o Teatro Elis Regina, em São Bernardo, recebe dois espetáculos da companhia Dança sem Fronteiras, composta também por artistas com deficiência e dirigida pela coreógrafa e educadora Fernanda Amaral. No primeiro dia, às 15h, o público assiste Ciranda de Retina e Cristalino. No dia seguinte, a mesma obra é apresentada às 19h, depois de Frestas Poéticas, às 16h. Ambos contam com entrada gratuita e recursos de acessibilidade, como audiodescrição.

 
Ciranda de Retina e Cristalino
Criado inicialmente para o ambiente virtual e depois adaptado para o presencial, Ciranda abarca em seu processo de criação as vivências e adaptações diárias dos bailarinos da companhia nos tempos de afastamento social, impostos pela pandemia de covid-19, e encontros por meio de telas. Desta forma, o olhar, o ver, o não ver e o próprio olho são objetos de pesquisa. 
 
No palco, os sete intérpretes estão isolados em círculos, mas conectados por suas narrativas corporais, que às vezes se unem em uma só coreografia formada por diversos corpos e olhares, levando-os a uma grande ciranda da memória. Como diz a letra da canção Ciranda - Piscadas e Miradas, composta por Amaral e Wagner Dias, para o espetáculo: “foca e desfoca, provoca um novo olhar em uma só virada, do mundo que gira, gira e dá voltas lembrando da Ciranda sem fim.”
 
A obra é marcada por vários personagens. A artista Lucinéia Felipe dos Santos, por exemplo, dá vida à Retina, mulher com baixa visão que dança atrás de sua janela. Cristalino, encenado por Gabriel Domingues, é um jovem com baixa visão, que se equilibra fazendo malabarismos na penumbra com sua bengala verde e sua roda iluminada. 
 
Cecília, interpretada por Ana Mesquita, baila com seu olho roda, com grandes cílios. Íris e Cornélia, representadas por Fernanda Amaral e Cintia Domingues, respectivamente, têm duas faces. Dançam e refletem suas imagens em um grande espelho. Pupila, personagem de Carmen Estevez, e Desfocado, de Rafael Barbosa, dançam cada um com sua roda. A diferença é que ele está em sua cadeira de rodas. 
 
As composições coreográficas são desenhadas de acordo com os corpos dos bailarinos e suas características únicas. O mesmo funciona para a trilha e a iluminação, fundamentais no desenho das cenas, delimitando espaços e diálogos com a dança e a dramaturgia. 
 
Frestas Poéticas
Frestas foi feito para ser apresentado em espaços não convencionais. É composto por cenas lúdicas e intrigantes, que envolvem o público – convidado no final da apresentação a entrar na dança. “Muitas vezes, a plateia não acredita que vários dos bailarinos não estão enxergando com os olhos e sim com outros sentidos”, conta Fernanda Amaral sobre a interação entre os artistas e espectadores.
Para isso, em cena, os intérpretes recorrem a técnicas de dança contemporânea e DanceAbility – método que utiliza a improvisação de movimento para promover a expressão e a troca artística entre pessoas com diversas aptidões, idades e origens, com e sem deficiência, com ou sem experiência em dança.
 
A dramaturgia é construída no decorrer do espetáculo, com o auxílio de objetos de tecnologia assistiva, como muletas, cadeira de rodas e bengalas. Partes de um manequim revestidas de cobertores cinzas e pequenos olhos, dando forma a um boneco, também fazem parte da encenação. 
 



Diário do Grande ABC. Copyright © 1991- 2024. Todos os direitos reservados